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quarta-feira, 23 de março de 2011

Cápitulo 6



Eu acordei desorientada.


A luz fria da manhã, entrava pela minha janela aberta. Ouvi o barulho do vento e o cheiro de chuva.


Eu não queria acordar. Não queria abrir os olhos e enfrentar aquele dia.


Alguém se moveu do meu lado. Meu coração se apertou de angústia


E de culpa.


-Bella? - a voz masculina chega até mim, reforçando o sentimento de irrealidade. Eu me viro e o vejo.


-Jacob.


-Bella – ele se aproxima e toca meu rosto.


Eu fecho os olhos.


-Você está bem?


Eu sacudo a cabeça afirmativamente e me afasto.


-Preciso ir pra escola... E acho que você também.


Ele sorri, mas não tem humor no seu sorriso. Eu me levanto e vou para o banheiro. Nem o chuveiro melhora meu humor.


Olho minha imagem no espelho. Meu rosto mais pálido do que o habitual.


Olheiras escuras em volta dos meus olhos. Me sinto perdida.


Respiro fundo algumas vezes. Tentando voltar para o foco.


Saio do banheiro e Jacob está vestido. Ele me encara preocupado


-Está tudo bem mesmo? Ontem a noite... Eu sinto muito.


-Eu acho que devo sentir mais.


-Eu vou embora. Antes que Charlie me veja aqui.


-Sim, ainda é bem cedo e ele está dormindo.


Jacob se aproxima e me beija e se afasta.


-Eu te ligo depois da escola.


-Tudo bem.


Ele sai fechando a porta atrás de si e eu vou até a janela.


É segunda feira de manhã, depois do pior fim de semana da minha vida.


Eu me visto com qualquer coisa que acho pela frente.


Charlie está acordando quando eu passo pelo corredor. Ele não viu Jacob. Um problema a menos para mim.


-Bom dia Bella.


-Bom dia. – murmuro e vou para cozinha.


Procuro comer, apesar de não ter a menor fome. Depois saio para a chuva fina.


-Odeio Forks. – sussurro para mim mesma, enquanto dirijo até a escola.


Quando estaciono, esta tudo igual. Jéssica sorri de longe com Ângela.


As duas estão conversando com Mike Newton. Ando apressadamente para a aula.


Meu coração gelando porque é uma maldita aula de biologia. Talvez seja a hora de começar a cabular. Afinal, devo ter ido bem na porcaria da prova.


Em meio caminho, eu vejo o carro dos Cullens se aproximar.


Não um Volvo. Um jipe esportivo. E Edward Cullen dirigindo.


Embora, tenha virado o rosto rapidamente, eu o vi.


Por um momento eu tenho vontade de dar meia volta e sumir dali.


Para algum lugar bem longe, onde ninguém me encontrasse.


Mas me obrigo a andar para frente, ignorando o resto a minha volta.


Entro na sala da aula e me sento.


Minhas mãos tremem a espera.


Mas o professor entra, alguns alunos entram atrás atrasados.


E a porta se fecha.


Eu nem respiro.


-Posso sentar aqui? - a voz e o sorriso jovial de Mike Newton chega até mim.


Eu aceno positivamente.


-Está se perguntando onde está o Cullen? - ele indaga.


Eu sacudo a cabeça negativamente, dando de ombros.


Não sei se consigo enganar alguém.


-Não...


-Ele mudou de horário parece. Não está mais nesta turma.


O ar sai dos meus pulmões lentamente. Então era isto. Ele se mudara afinal


Recebo a minha prova corrigida das mãos do professor. Eu passei, claro.


E graças a Edward Cullen.






O dia passa arrastado.


Eu olho fixamente para Ângela e Jéssica na nossa mesa no refeitório.Não quero ver nada ao redor.


Não quero ver ninguém.


Mas de alguma maneira as risadas parecem chegar até mim.


Os Cullens estão se divertindo.


E imaginar sobre o que, me deixa enjoada. Me levanto e saio quase correndo em direção ao banheiro. Entro na primeira porta disponível e vomito tudo o que tenho no estômago.


Eu estou toda trêmula quando saio e lavo meu rosto com água fria.


Prendo meus cabelos de qualquer jeito e saio do banheiro.


-Você está bem? - Ângela pergunta preocupada ao me ver.


-Apenas uma indisposição.... Pode me emprestar seu celular?


Ela me dá o aparelho, sem fazer perguntas.


No fim da aula eu o procuro com o olhar.


Ele sorri e eu vou em sua direção


-Onde conseguiu isto? - aponto para a moto.


-Eu a consertei, estava num ferro velho. Gostou?


-Parece rápida.


Ele me passa um capacete.


-Vamos?


Eu coloco o capacete e subo atrás dele.


E então eu o vejo.


Edward Cullen está parado sob a chuva fina. Os olhos parecem escuros presos em mim.


Por um momento eu o encaro. Jacob arranca com a moto. E Edward Cullen desaparece do meu campo de visão.


-Você me deixou preocupado quando me ligou - Jacob me diz quando chegamos em casa.


-Eu não estava me sentindo muito bem... Não queria dirigir de volta.


-Depois eu passo lá na escola e pego sua Pick-up.


-Obrigada.


-Bella, eu queria conversar sobre ontem a noite.


-Não. - eu o cortei - não precisamos. Uma hora isto ia acontecer.


-Mas...


-Jake, eu realmente acho que ainda não estou me sentindo muito bem. Eu queria descansar.


-Odeio pensar que você pode estar assim por ontem.


-Não estou.


-Talvez eu não devesse deixar as coisas chegaram a este ponto, depois do que aconteceu sábado.


Eu respiro fundo.


-Esquece isto também. - minha voz sai mais gelada do que gostaria.


-Ok, vamos esquecer. Eu vou embora então. Se precisar você me liga?


-Claro. Eu vou ficar bem.






Assim que ele foi embora, eu subo para meu quarto. Quando é que vou voltar a me sentir bem de novo?


Olho pela janela, a chuva continua a cair, fina e incessante. As malditas frésias ainda estão ali pelo chão.


Fecho a janela com um estrondo e me deito. Então, antes de fechar os olhos, eu vejo algo num canto do quarto.


Me levanto e vejo a blusa. Minhas mãos tremem. Meu corpo inteiro treme. Eu quero chorar. Ou gritar. Ou simplesmente esquecer. Mas eu sei que não conseguirei.






Então eu fecho os olhos. E deixo minha mente voltar para sexta-feira a noite.


Edward Cullen estava me beijando.


De algum recanto escondido de minha mente confusa e alcoolizada eu tinha esta consciência. Que a boca sobre a minha, doce, quente, úmida, era a de Edward Cullen.


Mas era uma parte bem pequena da minha consciência, porque eu estava além de qualquer pensamento coerente.


Era como se tudo se resumisse às sensações.


Deus, quantas mãos ele tinha? Parecia que estavam em toda parte, por cima da minha roupa. Quando ele tocara meu rosto, eu tinha me perguntado o que eu sentiria se aqueles dedos estivessem em outras partes do meu corpo.


Agora eu sabia. Era como se houvesse brasa e me queimava.


Mas era bom. Deliciosamente intoxicante. Como seu cheiro, que eu aspirei, inebriada, como seu gosto, que eu sentia em minha língua.


Eu gemi, passando minha perna por seu quadril, e foi a vez dele gemer, a boca se apartando a minha para traçar um caminho por meu rosto, meu queixo, meu pescoço.


Meus dedos torciam seus cabelos e eu o trazia ainda para mais perto, mas não era mais suficiente.


Eu precisava desesperadamente de mais. Algo doía dentro de mim. Muito.


Então, eu levei minhas mãos até a barra da sua blusa e a tirei. Edward usava apenas uma camiseta branca e eu a tirei também. Meus dedos espalmaram em seu peito e seu coração batia no mesmo ritmo que o meu.


Nossos olhares se encontraram por um instante. E eu vi a mesma fome que havia em mim. Sim, ele sentia o mesmo.


O rico, lindo, perfeito Edward Cullen estava ali comigo. E ele queria o mesmo que eu.


Talvez querer não fosse a palavra certa.


Necessitar. Desejar. Precisar.


Era algo além de qualquer razão.


Meu corpo estava tremendo. Ardendo. Desejando.


Ele levantou a mão e seus dedos tocaram meus lábios.


Eu ofeguei, perdida.


Algo se enroscando dentro de mim, começando na boca do meu estômago e descendo para meu baixo ventre e mais além.


E sem pensar eu me apertei mais contra ele, nossos quadris se buscando e eu arquejei.


Era isto. Eu fechei os olhos, deixando a pura onda de desejo me transpassar.


-Bella... - sua voz era como música.


Eu não sei se ele me chamou, ou me avisou de algo. Ou apenas disse meu nome como eu queria dizer o dele.


Eu queria apenas que ele não parasse nunca de fazer o que estava fazendo. Senão eu morreria.


E eu voltei a beijá-lo. Com uma fome redobrada.


Agora não tinha volta. E quem queria voltar?


Edward gemeu roucamente, me beijando de volta e lá estavam aqueles dedos por baixo da minha blusa, subindo e tocando meus seios.


E eu parei de beijá-lo e tirei a minha própria blusa de qualquer jeito e seus dedos buscaram meu sutiã, desajeitadamente.


E quando ele me olhou, era como se eu fosse algo de comer e isto me deixou ainda mais perdida.


E ele não se limitou a olhar, ele abaixou a cabeça e os beijou.


Mordi os lábios, para não gritar, sentindo a língua quente umidificar minha pele. E naquele momento eu realmente me sentia toda úmida.


Meus dedos se crisparam sobre o lençol enquanto seus lábios desciam por meu estômago, minha cintura, meu umbigo.


E suas mãos em meu jeans, me desfazendo dele. Acho que fui eu que fiz a mesma coisa com os dele.


E foi tudo tão rápido que eu não tinha mais certeza de nada. Eu apenas sabia que tinha que chegar a algum lugar e rápido.


E foi por puro instinto que eu abri as pernas, quando ele veio, nu e lindo, a pele brilhando com uma camada fina de suor. E eu prendi a respiração, quando o senti escorregando para dentro de mim.


Doeu um pouco e eu gemi, mas nem era tanto pela dor. Era como se sentir completa pela primeira vez na vida.


E eu abri os olhos, para encontrar os dele presos no meu, verdes, dourados, intensos.


E Edward Cullen se moveu dentro de mim. E qualquer vínculo que eu ainda poderia ter com a realidade se desfez naquele momento.


Eu existia apenas para me mover com ele, para ele. Nossos corpos achando juntos um ritmo, num encaixe perfeito.


E deslizei para uma doce inconsciência, enquanto seus dedos se entrelaçavam nos meus sobre o lençol e seus gemidos ecoavam com os meus pelo quarto. Até não restar nada a não ser um prazer perfeito, inimaginável. Sublime.


E seu nome escapou dos meus lábios enquanto eu me desfazia embaixo dele, e ouvi meu nome dentro do meu ouvido, vindo de sua voz perfeita, no momento em que ele sentiu o mesmo que eu.


Era isto. Eu tinha transado com Edward Cullen. E nada mais seria o mesmo.


Eu acordei com uma dor de cabeça horrível. Abri os olhos e a claridade quase me cegou. Eu gemi, sentindo minha cabeça latejar e fechei os olhos de novo, me movendo.


E meu corpo doeu. Em lugares que eu nem sabia que podiam doer. E a realidade bateu como um chicote.


Não conseguia mais respirar quando abri os olhos. Eu o procurei. Mas estava sozinha. Voltei a respirar devagar. Tentando conter meu pânico.


Mas as lembranças iam voltando como uma enxurrada, inundando meu rosto de vermelho.


Vergonha. Culpa. Horror


Eu estava em choque. Não, não era fruto da minha imaginação.


Eu ainda estava nua para provar. Tinha mesmo acontecido. Eu tinha transado com Edward Cullen.-O que foi que eu fiz? - murmurei para mim mesma aterrorizada.


Eu estava bêbada. Era a primeira coisa que me vinha a mente.


Sim, todo mundo sabia que pessoas bêbadas faziam bobagens. Mas esta já era demais.


Que diabos eu tinha deixado ele entrar no meu quarto comigo?


Agora era tarde. Não havia volta para o que eu tinha feito.


-Bella, está acordada? - as palavras do meu pai seguidas de uma batida na porta, me tiraram do topor.


E eu olhei para os lados para ter certeza que estava sozinha.


-Estou... estou me trocando. – gaguejei.


-Ok, já é tarde! E está sol. Achei que gostaria de aproveitar o dia.


-Certo já vou descer.


Eu senti alívio quando seus passos se afastaram pelo corredor e me levantei


Corri para o banheiro e tomei um banho, tentando não pensar. Mas era difícil. Muito difícil.


Me vesti rapidamente e desci, ignorando minha cabeça latejando.


-Até que enfim. - Charlie estava a mesa do café - eu vou sair para pescar com Billy. Jacob está vindo junto. Podiam sair e fazer algum passeio. Sei que sente falta do sol.


Eu olhei pela janela. Sim, estava sol.


Mas nem isto fazia meu estado de espírito melhorar.


Jacob estava vindo. Como é que eu podia encará-lo agora? Com o coração apertado eu ouvi o barulho do seu carro se aproximando.


Da mesa da cozinha, eu escuto Charlie recebendo Billy e Jacob.


-Bella está na cozinha, acho que não acordou muito bem. Deviam sair e fazer um passeio, sabe como ela sente falta do sol.


-Sim, eu vou falar com ela.


O carro de Charlie se afasta e Jacob entra na cozinha.


-Bom dia!


Ele sorriu, radiante. E eu só tenho vontade de sair correndo e não encará-lo.


-Oi Jake. - consigo falar com a voz tensa.


Seu sorriso se desfaz.


-O que você tem? - ele toca meus cabelos e eu me levanto me afastando.


-Dor de cabeça.


-Como foi ontem com Ângela e Jéssica?


-Nós... bebemos um pouquinho - sinto meu rosto queimar com a mentira - na verdade um pouco além da conta.


-Eu sabia que estas suas amigas não eram boas companhias Bella.


-Não seja ridículo Jacob. Ninguém me obrigou a beber.


-Por isto está com dor de cabeça? Ressaca?


-Deve ser.


-Tome um comprimido.


-Sim, vou tomar.


-E aí, ainda quer sair? Se estiver mesmo mal podemos ficar por aqui... Aliás, talvez seja uma boa idéia ficarmos por aqui... - ele se aproxima, e eu viro o rosto.


-Jake, estou enjoada.


-Oh, me desculpe - ele se afasta - melhor não sair não é?


-Não! - de repente eu quero mesmo sair dali. - Vamos dar uma volta.


Vou me trocar.


Subo correndo para meu quarto e coloco uma roupa. Jacob está me esperando lá embaixo. Nós entramos na minha caminhonete. E eu dirijo para as praias de La Push.






Meu estômago se contrai de nervoso, enquanto caminhamos de mãos dadas pela praia. O sol, algo tão raro naquela cidade, banha meu rosto. Eu devia estar feliz. Mas eu só sinto desgosto.


E confusão. E culpa. E não consigo parar de pensar no que aconteceu.


Por quê? Porque eu deixara acontecer?


Porque estava bêbada?


Então se fosse Mike Newton que me levasse pra casa e me beijasse eu também transaria com ele?


Não. Minha consciência fala claramente. Não era porque eu estava bêbada.


Era ele. Edward Cullen.


Eu sinto vontade de chorar. Eu estava mais perdida do que imaginara. Eu paro e encaro Jacob.


-Jake, precisamos conversar.


-Sim?


-Acho que devemos terminar.


Jacob me encara confuso.


-O que?


Eu solto sua mão. Agora que eu disse as palavras tenho que ir até o fim.


Eu não sabia o que estava fazendo ontem. Mas agora eu sabia.


Pelo menos uma coisa eu tinha que fazer certo. E não era nada justo com Jacob o modo que eu estava agindo.


-Acho que devemos terminar este namoro.


-Bella... Não! - sua voz é carregada de descrença.


-Jacob... é o melhor a ser feito.


-Por que? Por que está falando isto? Porque está querendo terminar? Não tem sentido!


Eu mordo os lábios, tentando achar as palavras. E se eu contar a ele. Contar a verdade?


Ele vai me odiar. Eu não suportaria Jacob me odiando. E isto vai doer nele. Não quero fazer Jacob sofrer mais do que eu já estou fazendo.


-Não está dando certo. Nós somos amigos e...


-Eu amo você! Achei que me amava também!


-Mas eu te amo! Mas... talvez a gente tenha se precipitado...


-Estamos juntos há um ano Bella!


-Eu estou indo embora Jake! Daqui há alguns meses eu vou pra universidade.


-Eu falei que ia te esperar!


-Não quero que espere. Quero que viva sua vida.


-Não, não vou aceitar isto.


-Jacob,eu já tomei minha decisão. Eu sinto muito.


Sua mão segura meu braço


-Bella, por favor, eu te imploro...


Eu sinto meus olhos ardendo de vontade de chorar.


-Eu preciso ir...


Corro para minha caminhonete e dou partida. Meus olhos embaçados pelas lágrimas


Mas estou aliviada, apesar da dor. Jacob não merece o que eu fiz. Se ele descobrir um dia, com certeza me odiará.






E agora, o que eu ia fazer? Eu dirigi achando que estava sem destino, mas quando dei por mim eu estava em frente a suntuosa casa dos Cullens.


Sai do carro, olhando aquela casa toda de vidro. Perfeita. Como seus moradores. Respirei fundo.






E o que eu diria a Edward agora que estava ali? Eu não sei, mas com certeza tínhamos muito a conversar. Porque ele fora embora afinal sem ao menos uma palavra?






Caminhei até a porta me sentindo nervosa e toquei a campainha.


E quem apareceu foi Rosalie,a irmã loira e perfeita.


-Oh... Olha quem está aqui. A pequena Swan! - seu sorriso era insuportável.


-Edward está?


-Edward viajou.


-Oh - eu tentei conter o meu desapontamento e minha confusão;


Como assim viajou? Pra onde? Quando?


-Me desculpe, eu... - balbuciei confusa e me virei para me afastar, mas ouvi as palavras de Rosalie atrás de mim.


-Oh Meu Deus, ele conseguiu não é?


Eu me virei.


-O que?


Ela sorria, entre incrédula e divertida.


-Levar você para a cama!


Eu senti o chão fugir aos meus pés.


Do que ela estava falando? Como ela podia saber...?


Talvez meu rosto vermelho tenha me denunciado. Rosalie deu alguns passos em minha direção e agora ria abertamente.


-Oh Emmett vai ficar muito bravo por ter perdido o Jipe!


-Olha, não sei do que está falando...


-Claro que não, pobre inocente! - e a palavra inocente na boca dela pareceu algo bem horrível naquele momento - era uma aposta. Edward apostou com Emmett que ia te levar pra cama. E ganhou o jipe do Emmett. E se ele não conseguisse, Emmett ganharia o Volvo.


Não.


Eu não estava ouvindo aquilo. Aquele absurdo. Simplesmente não era algo possível.


Aposta? Edward apostara com o irmão que ia transar comigo?! Eu sentia o sangue zunindo em meu ouvido.


-Homens e carros! Quem vai entendê-los - Rosalie continuou com desprezo - embora eu não entenda o que é que eles viram em você pra ficarem apostando, mas enfim, como eu disse, homens!


-Está mentido. - murmurei horrorizada.


-Não estou não. Pode perguntar para o Edward quando ele voltar ou ao Emmett! Oh... Não vai me dizer que achou que o Edward estava apaixonado por você ou algo assim? - ela riu como se só este pensamento fosse a coisa mais absurda do mundo. E eu começava a perceber que talvez realmente fosse - Bella, é melhor eu te avisar, embora nem sei porque você mereça alguma consideração, mas pode chamar de solidariedade feminina. O Edward tem uma namorada. O nome dela é Tânia. Ela mora no Alasca. Éramos vizinhos. A família dela e a nossa são muito amigos. Ele sempre viaja para encontrá-la e neste momento está passando o fim de semana com ela.


Oh Meu Deus.


Era pior do que eu pensava. Eu tentava processar as palavras horríveis de Rosalie. Namorada.


Edward tinha uma namorada. Me lembrei de nosso primeiro encontro. Ele estava voltando de viagem.


Sim, fazia sentido.


E as palavras de Jéssica e Ângela. Ele nunca namorara ninguém da cidade.


E eu dissera, não foi? Um cara como aquele tinha que ter uma namorada.


Eu comecei a sentir vertigem.


-Então, para o seu bem, melhor que não tenha se apaixonado por ele. Porque você vai sofrer. Aceite como um conselho de amiga!


Eu a encarei.


Aquele sorriso irônico no rosto perfeito.


E não consegui mais permanecer ali. Dando meia volta, entrei no carro e dei partida. Eu só parei quando estava bem longe.


Não conseguia respirar.


Mas forcei o ar a sair dos meus pulmões. Doía. Doía tudo por dentro.


Edward Cullen tinha me enganado o tempo inteiro.


Uma aposta.


Claro. Fazia sentido.


O lindo, perfeito e rico Edward Cullen. Óbvio que não ia se interessar por alguém tão comum como eu. Era tudo um jogo. Nojento.


E eu caíra.


Eu tinha transado com ele. Eu me sentia suja agora. Eu queria morrer.


Eu não sei como consegui chegar até minha casa.


Dando graças a Deus que meu pai estava pescando com Bily Black e só voltaria a noite.


Passei direto para meu quarto e deitei sob as cobertas.


E deixei as lágrimas caírem.


Eu me sentia a pessoa mais idiota do mundo.


Porque em algum momento entre a hora em que ele aparecera para me ajudar naquela estrada e a noite passada, eu tinha mesmo começado a acreditar que o rico, lindo, perfeito, Edward Cullen podia mesmo estar interessado em mim.


Mas claro que fora um engano.


Não, não fora um engano.


Eu fora enganada. Pura e simplesmente. Para satisfazer o ego de um garoto mimado.


Sim, era isto que Edward Cullen era.


Rico? Lindo? Sim, podia ser.


Mas perfeito? Estava longe de ser.


Eu devia ter previsto isto. E ter sido mais esperta. Mas não. Eu me deixara levar.


Por sua voz macia, seus olhos dourados.


Sempre me cercando, me fazendo acreditar no impossível. E eu fora uma aposta. Por um carro. Um maldito jipe.


Ele devia estar rindo agora.


Enquanto estava em algum lugar do Alasca com sua namorada.


Eu apertei os olhos com força, tentando não chorar mais. Mas era impossível.


Eu me sentia enganada. E o pior de tudo.


Eu me sentia quebrada em mil pedaços por dentro.


Edward Cullen me quebrara.


Oh Deus, que não queria pensar mais naquilo.


No jeito em que eu fora tonta e transara com ele.


E ainda tinha Jacob. Eu traira Jacob e pra que?


Agora eu não tinha nada. Nada.


Eu me levantei ao cair da noite e tentei agir normalmente.


Lavei o rosto e desci para fazer o jantar para meu pai.


Alegando sono, eu subi pro meu quarto e tentei dormir. Mas eu só tive vários pesadelos envolvendo Edward e os Cullens.






Acordei tarde na manhã seguinte e o sol tinha desaparecido.


Finalmente eu desci e limpei a porcaria das frésias do chão.


Não queria nada para me lembrar que Edward Cullen existia.


Depois do almoço, Ângela ligou e perguntou se eu queria ir ao cinema com ela e Jéssica.


Não, eu não queria ir para lugar algum, mas do que ia adiantar?


Meu pai já estava me olhando esquisito e não ia demorar para ele perguntar do Jacob.


E eu ainda não tinha falado que terminara com ele. Não queria responder nenhuma pergunta.


-Tudo bem, Ângela, eu passo para pegar vocês.


Uma hora depois nós estávamos na cidade


Jéssica tagarelava sobre Mike e como ela queria que as ficadas deles se transformassem em namoro e em como ele parecia não querer o mesmo que ela, quando Ângela me cutucou.


-Olha, os Cullens!


Eu olhei automaticamente e vi o jipe de Emmett parado no farol.


Mas não era Emmett quem dirigia e sim Edward Cullen.


Ao lado dele apenas o irmão chamado Jasper. Eu tive vontade de vomitar.


O sinal abriu e eles desapareceram na estrada.


-Uau, como eles são lindos. - Jéssica babou.


-E aí, nunca mais se falaram? - Ângela indagou curiosa.


Não sei se percebeu a minha palidez.


-Não, nunca mais, vamos entrar? - indaguei as puxando para dentro do cinema.


Se me perguntassem que filme era não saberia dizer respirei aliviada quando as deixei em casa e fui embora.


Mas meu alívio durou pouco. Porque encontrei Jacob sentado na minha cama.


-O que faz aqui?


-Podemos conversar?


-Jake...


-Por favor, Bella.


-Tudo bem. Como Charlie deixou você entrar no meu quarto?


Ele ficou vermelho.


-Eu entrei pela janela. Fiquei com medo de você não me receber.


Eu tirei o casaco e o encarei.


-Que bobagem, Jake.


-Bella, eu vim insistir. Implorar se for preciso. Por favor, volte comigo.


Eu desviei o olhar, me sentindo péssima e fui até a janela


Então parei.


Havia um Jipe parado ali. Meu estômago se retorceu.


O que diabos Edward Cullen estava fazendo na minha casa?


Eu vi o carro de Jacob parado mais pra frente.


Era por isto que Edward não saíra do carro? Por que sabia que Jacob estava ali?


Será que viera fazer o que na minha casa?


Veio em busca de mais um pouco do que tivera na sexta-feira?


Vamos enganar mais um pouco a idiota da Bella Swan?


Eu senti um ódio frio por dentro. Uma raiva insana por tudo o que ele tinha feito.


Se eu o confrontasse, será que diria a verdade?


Ou mentiria na cara de pau?


Talvez ele nem se importasse em dizer que fora mesmo uma aposta.


Provavelmente nem se importava com a minha opinião sobre ele.


Senti algo gelado se fechar em volta do meu coração. Naquele momento eu odiava Edward Cullen


-Bella.


Eu estremeci de susto ao senti as mãos de Jacob no meu ombro


E me virei.


E o beijei.


Jacob ficou surpreso e me afastou um pouco me encarando.


-Então a gente vai voltar?


-Sim, Jake, vamos voltar.


-Bella - ele sorriu, feliz e me abraçou.


Eu me afastei e o encarei e levei a mão dele ao meu seio.


-Acho que devemos voltar... mesmo.


Ele parecia confuso e surpreso, mas sorriu.


-Sim, eu sempre quis isto Bella, e voltou a me beijar. Meu rosto, minha boca, meu pescoço, Eu olhei por sobre a janela.


Edward Cullen ainda estava lá. E seu olhar de gelo me via com Jacob.


Eu me afastei o suficiente para tirar a minha blusa e Jacob voltou a me beijar


Ainda lancei um último olhar para a janela antes de Jacob me levar para a cama.


Eu fechei os olhos. Devia deixar acontecer. Devia mesmo. Mas eu não consegui.


-Jacob, pára.


Eu o afastei. Jacob me fitou confuso e frustrado.


-O que foi Bella? Achei que você também queria...?


-Me desculpe... eu também achei...


-Bella, eu amo você, eu posso esperar para que esteja pronta


Eu tentei sorrir. Mas eu comecei a chorar.


Se ele soubesse...


Jacob me abraçou.


Eu deixei que me abraçasse e fechei os olhos. E rezei para que tudo voltasse a ficar bem. Mas eu duvidava.






Voltei a realidade com aquela blusa na minha mão.


A blusa de Edward Cullen. Ainda tinha seu cheiro. Tão único.


Trazendo uma enxurrada de lembranças. Dobrei a blusa e a coloquei num canto. A devolveria para seu dono.


Não queria nada que me lembrasse Edward Cullen ali.


Eu só queria esquecer.


Era só aguentar mais o tempo até acabar as aulas. E então eu iria para longe. E nunca mais precisaria colocar meus olhos em Edward Cullen.




Continua...

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