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sábado, 2 de abril de 2011

Cápitulo 8

Capítulo 08



Era um pesadelo. Um daqueles que vinham me atormentando ultimamente.


Jacob, Dr. Carlisle e aquela notícia bizarra desapareceriam.


A qualquer minuto eu acordaria e estaria segura no meu quarto.


Mas nada desapareceu.


Os olhos dourados do médico me encaram com algo que parecia ser... pesar?


Eu parei de respirar.


-Isto tá errado. – a voz de Jacob me tirou do transe.


O Dr. Carlisle voltou à atenção a Jacob.


-Não há nada errado. Os testes comprovaram. É positivo.


-Não, o senhor não está entendendo... - e ele me olhou – Fala para ele Bella.


Oh Deus.


Ele queria que eu falasse que era impossível estar grávida. Pelo simples motivo que nunca tínhamos transado.


O que ele não fazia ideia era que era perfeitamente possível. Porque eu transara sim. Mas não com ele.


Minha mente começou a girar num turbilhão alucinante e as ondas negras começaram a dançar por meus olhos.


-Olha, eu sei que vocês são jovens e isto deve ser uma surpresa, mas estas coisas acontecem. - Carlisle Cullen e sua voz conciliadora chegou até mim.


Eu me obriguei a respirar, o ar inundando meus pulmões, antes que desmaiasse ali mesmo.


Mas o medo continuava a turvar minha vista. Ou era melhor chamar de pavor.


-Não, doutor, é sério – Jacob continuou – ela não está grávida. Alguma coisa está errada ai. Nós nunca...


Eu segurei seu braço.


-Jacob, pare. – murmurei.


Os olhos de Carlisle se prenderam em mim e ele entendeu. Antes mesmo que Jake. Eu agora sentia meu rosto inundar de um vermelho sangue. Vergonha.


-Mas Bella, isto ai tá errado... - Jacob ainda balbuciava.


-Acho que vocês precisam conversar. – Carlisle disse por fim.


-Vamos embora, Jacob. – murmurei e me levantei, saindo quase correndo da sala.


Se eu pudesse continuava correndo eternamente. Para ninguém mais me achar. Mas Jacob me alcançou no estacionamento, seu braço me puxando.


-Hei, Bella, calma! Porque está nervosa? Este médico é um idiota e estes exames estão todos errados. Não tem porque ficar nervosa.


Eu o encarei. Deus, como é que eu ia dizer a ele que não estava errado?


Meus olhos queimaram e minha garganta se fechou. Acima de todo meu pavor pela constatação de estar grávida, eu sentia uma dor horrível porque eu ia magoar Jake.


E ele não merecia.


-Jake, estou mesmo grávida. – murmurei.


Ele riu, como eu tivesse contanto uma piada absurda. Mas algo no meu rosto o fez parar.


-Mas... isto não é possível Bella, nós nunca... - então ele parou, empalidecendo. Eu vi em seu olhar que ele finalmente tinha entendido. E quis morrer. Uma gama de emoções passou por seu rosto.


Incredulidade. Dor. Revolta.


-Jake, eu sinto muito... se me deixar explicar.


-Quem? – sua voz era tão fria como gelo, cheia de uma fúria mal contida.


-Não... Não faça isto...


-Quem, Bella? Quem foi o cara?


-Não importa! – gritei.


-Não importa? Você transou com outro cara e isto não importa? Há quanto tempo isto vem acontecendo Bella, há quanto tempo você me trai?


-Não é assim, foi um erro, foi apenas uma vez...


Jacob soltou um palavrão, seus punhos fechados batendo na minha caminhonete.


Eu tentei tocar seu braço, mas ele se afastou com um safanão.


-Eu sinto muito, Jake. Tem toda razão de me odiar agora. Mas acho que eu me odeio muito mais.


Eu lhe dei as costas e entrei na minha caminhonete, dando partida.


As lágrimas turvavam meus olhos e eu nem sei como consegui chegar em casa.


Charlie não estava, então foi fácil subir direto para meu quarto e me entregar ao desespero. Eu estava perdida.


As palavras da minha mãe voltaram a minha mente: “Um passo impensado pode afetar todo sua vida.”


E por mais que eu tivesse garantido muitas vezes a ela que isto nunca ia acontecer comigo. Tinha acontecido. Eu dera o tal passo impensado.


Bebendo além da conta e transando com Edward Cullen.


Um cara que nem era meu namorado. Um cara que apostara que ia me levar pra cama. E conseguira. E agora Jacob sabia. E me odiava.


E quando minha mãe soubesse que eu tinha estragado minha vida, também ia me odiar. E Charlie provavelmente ia me matar.


Eu solucei, querendo morrer. Querendo voltar no tempo e nunca ter conhecido Edward Cullen.


Eu não sei quanto tempo eu passei ali chorando, até que não houvesse mais lágrimas. Mas já era noite quando ouvi passos na escada e achei que fosse Charlie. Me sentei rapidamente, tentando não parecer tão acabada e evitar perguntas que eu ainda não estava preparada para responder. Mas não foi Charlie que entrou no meu quarto e sim Jacob.


Ele ainda estava furioso, foi a primeira coisa que percebi.


-Eu quero saber o que aconteceu.


-Jake, não... Não quero magoá-lo.


Ele riu sem o menor humor.


-Você não está me magoando, você está me matando.


Eu senti como uma punhalada em mim.


-Por isto mesmo...


-Eu quero saber. Eu preciso saber.


Eu respirei fundo.


-Eu fui numa festa. E bebi muito. E ele me trouxe em casa e... aconteceu.


-Ele... te forçou?


Eu fechei os olhos. Seria muito fácil falar que sim. Mas seria uma tremenda mentira.


-Não, ele não me forçou. – confessei num fio de voz.


E a dor nos olhos de Jake acabava comigo. Me fazia ter nojo de mim mesma.


-Quem foi? – insistiu.


-Não, eu não vou dizer. Isto não.


-Droga, Bella. Eu mereço saber!


-Saber não vai mudar nada! Não adianta insistir, Jake. – ele andava pelo quarto, como um animal enjaulado.


Eu queria muito poder amenizar a dor dele. Mas era impossível.


-Por favor, esquece isto...


-Esquecer? Como vou esquecer, eu... - então ele parou. Os olhos atraídos por algo numa prateleira.


Eu segui seu olhar e gelei. A blusa de Edward. A blusa que tinha ficado ali e eu ia devolver. Ainda estava dobrada no mesmo lugar. Jacob foi até lá e a pegou.


-Isto é dele?


-Jacob...


Ele olhava para a blusa. E por segundos agonizantes eu rezei para ele não lembrar de nada. Mas quando me encarou eu vi que tinha a resposta.


-Edward Cullen estava com uma blusa destas, no dia em que veio te trazer em casa.


-Um monte de gente tem blusas destas.


-Com esta marca cara aqui? Em Forks? Eu duvido muito.


Jacob largou a blusa como se estivesse queimando sua mão.


-Ele vai pagar por isto. – sibilou antes de sair do meu quarto como um furacão.


-Oi Jacob.. - escuto a voz de Charlie e consigo sair do meu estado de torpor, correndo pelas escadas, mas Jacob já saiu de casa, sem responder ao Charlie.


-Hei, Bella, o que está acontecendo? - perguntou aturdido, mas eu apenas pego a chave do carro e continuo correndo até minha caminhonete.


Eu tenho que impedir Jake de chegar até Edward Cullen e confrontá-lo.


Enquanto dirijo alucinadamente pela estrada, vejo o carro de Jacob não muito longe. Penso em tentar ultrapassá-lo, mas com meu Chevy velho seria impossível. Eu acabaria com o motor fundido no meio da estrada.


E quando chego em frente a casa dos Cullens, meu coração está disparado de pavor. O carro de Jacob já estava ali.


-Droga.


Eu saltei e corri e estanquei ao ver a casa cheia de gente. Música alta. Luzes pra todo lado. Era a noite da maldita festa! Onde será que Edward estava? E Jacob? Eu andei por entre as pessoas, tremendo. E de repente ouvi um barulho de vidro se quebrando e gritos.


Eu corri e lá estava Jacob segurando Edward contra a parede.


-Seu maldito, eu vou matar você por ter posto as mãos nela.


-Jacob, pára com isto! - consegui gritar.


Edward se aproveitou disto e empurrou Jacob, que voltou para cima dele. Mas Edward estava preparado e virou um soco. Óbvio que Jacob apenas ficou com mais raiva e em um segundo os dois estavam engalfinhados na sala chique dos Cullens, trocando socos.


Não demorou para Jasper e Emmett se intrometerem, Jasper segurou Jacob e Emmett segurou Edward.


-Hei, gente, o que é isto, pelo amor de Deus? - Alice apareceu horrorizada.


Possivelmente por terem estragado sua festinha perfeita.


-Não percebeu Alice, com certeza é alguma coisa com a filha do xerife. - Rosalie debochou.


-Eu vou matar você. - Jacob se debatia.


-Pode tentar. - Edward sibilou por entre os dentes.


-Vai se esconder atrás dos seus irmãozinhos? Isto é entre nós dois! Não deveria ter posto as mãos na minha namorada!


-Ops. Ele descobriu que a namoradinha pulou a cerca. - Rosalie deu um risadinha sarcástica.


-Cala a boca, Rosalie - Alice murmurou - isto não é lugar para vocês resolverem isto - continuou - estamos no meio de uma festa pelo amor de Deus!


As pessoas continuavam em volta, olhando curiosas o escândalo formado, meu rosto esquentou de vergonha.


-Alice tem razão - Uma mulher muito elegante apareceu. Devia ser Esme Cullen, a mãe deles - por favor, será que podem se retirar? Acho que a festa acabou - ela pediu e todo mundo começou a sair, cochichando em voz baixa.


-Isto não é justo. - Alice reclamou.


Mas se calou com o olhar de Esme.


-Jacob, por favor, vamos embora. - eu pedi, desesperada.


-Não, eu quero me acertar com este maldito por engravidar você!


Eu senti o chão fugir aos meus pés. Todos os olhares se voltaram para mim. E eu quis morrer.


-Do que você está falando? - Edward falou por fim.


-Não sabe? - Jacob se livrou das mãos de Jasper, encarando Edward - você é um canalha! Que se aproveita de garotas bêbadas! Ela me contou tudo. E eu podia matar você por isto! -Jacob empurrou Edward.


Mas Esme se colocou no meio dos dois e Jasper e Emmett se colocaram do lado de Edward, numa clara ameaça a Jacob.


-Pelo amor de Deus, parem com isto. - Esme falou firmemente.


Edward olhou para mim.


-Você está grávida?


Eu engoli em seco, desviando o olhar.


-Não é da sua conta.


-Sim, acho que não é mesmo - ele falou por fim - mas seu namorado está aqui me acusando de algo que provavelmente é de responsabilidade dele e não minha!


-Seu filho da puta! Se ela está grávida a culpa é sua! Eu nunca transei com ela!


Ah Meu Deus. Eu queria sumir. A sala estava no maior silêncio. A tensão podia ser cortada com uma tesoura.


-Quer que eu acredite nisto? - Edward murmurou friamente - está louco.


Jacob foi para cima de Edward de novo.


-Se tentar pegar o Edward, terá que passar por cima da gente primeiro. - Emmett falou.


Jacob riu sem humor.


-Claro. Se esconde por trás dos seus irmãos. Não passa de um riquinho maldito. E eu tenho nojo de você e de toda esta sua família. Se este filho fosse meu eu assumiria as minhas responsabilidades sim e não fugiria como você!


E sem mais Jacob saiu da casa. Eu o segui.


-Jacob, espera.


Ele se voltou com ódio no olhar.


-Fique ai Bella, eu não tenho mais nada a ver com você.


-Não deveria ter vindo aqui e contado a ele!


-Realmente, acho que não é mais problema meu não é?


-Jacob - minha voz tremeu - eu sei que me odeia... eu sinto tanto...


-Por que fez isto comigo Bella? Eu amava você. E achei que também me amava.


Meus lábios tremeram. -Mas eu amo você... foi um erro...


-Chega, Bella. Eu não quero mais ouvir.


E ele subiu no carro e foi embora. Eu me virei e vi Edward na porta da casa, me encarando friamente.


Desviei o olhar e entrei no meu carro, o ignorando, quando ele deu o primeiro passo na minha direção. Quando cheguei em casa meu pai me esperava.


-Bella, que diabos está acontecendo? Você e o Jacob estavam brigando?


Eu respirei fundo.


-Sim, nós terminamos.


-Deve ser apenas uma briga.


Eu comecei a chorar. Se ele soubesse...


-Não foi só uma briga pai...


-Oh, Bella. Estas coisas acontecem. - ele me abraçou.


Mas eu me desvencilhei.


-Vou dormir.


-Sim, faça isto. Tenho certeza que amanhã o Jacob aparece pedindo desculpas seja o que for que aconteceu.


-Eu duvido muito. Boa noite pai.


Eu subi como se meus pés pesassem chumbo e me joguei na cama.


O que seria da minha vida agora? Eu só queria esquecer tudo e dormir.


Eu acordei no dia seguinte me sentindo péssima.


Minha cabeça doía e para completar estava com náuseas terríveis.


Era isto que grávidas sentiam não eram? Deus, eu queria morrer.


Pelo menos não teria mais que ir a aula. Agora era só ir buscar as notas e pronto. Mas a satisfação que eu devia estar sentindo com isto tinha desaparecido. Porque meu futuro, antes tão certo. Agora era incerto.


Eu nem me dei ao trabalho de tirar pijama e desci as escadas, arrastando meus pés. Ouvi vozes na cozinha, quem estaria com Charlie. Então parei, assustada quando vi quem estava com Charlie. Era Edward Cullen.


-Bom dia Bella - Charlie falou - Olha quem está aqui, seu amigo da escola, disse que queria falar com você.


-Oi Bella. - Edward falou sem sorrir.


Eu empalideci, meu estômago dando uma volta.


-Você está bem? - Charlie perguntou franzindo a testa - está com cara de quem está enjoada...


-Estou sim - falei, me obrigando a respirar - estou bem, pai.


-Sente e tome café, então.


-Estou sem fome...


-Venha conversar com seu colega. Ele já está esperando a um bom tempo.


-Edward - eu comecei. Tentava desesperadamente achar um jeito de me livrar dele, mas estava difícil - porque você não volta outra hora? Eu estou... Meio ocupada agora.


-Nós precisamos conversar Bella. - ele insistiu. Seu olhar muito sério.


-Não agora - falei devagar, lançando um olhar em direção a Charlie.


-Vamos dar um volta. Eu te espero lá fora. - ele se levantou e completou - O dia inteiro se for preciso - e saiu fechando a porta devagar atrás de si.


Charlie me encarou desconfiado.


-Bella, o que está acontecendo?


-Nada, pai.


-Por acaso este garoto Cullen tem alguma coisa a ver com a briga com o Jacob ontem?


-Não! - respondi rápido - eu vou... subir e me trocar.


Eu subi quase correndo e olhei pela janela. Edward ainda estava lá, em frente ao carro. Ele levantou a cabeça e me viu. Eu sai da janela.


-Que droga.


Com certeza ele não iria sair dali. Bufando, eu coloquei logo um roupa e desci. Era melhor me livrar daquilo logo. Eu sai e puxei o capuz sobre meus cabelos, contra a fina garoa que caía.


Edward abriu a porta do Volvo, mas ignorei e sai andando em direção a floresta


Ele me seguiu. Quando estávamos suficientemente longe da minha casa eu me virei o encarando.


-O que quer?


-Porque seu namorado foi ontem na minha casa tirar satisfação?


-Acho que ele falou porque, não preciso repetir.


-Está mesmo grávida?


-Infelizmente sim. – murmurei.


-E quais as chances de ser meu?


Eu quis mentir. Eu quis dizer "nenhuma". Mas do que ia adiantar?


-Todas.


Ele apenas me encarou por um momento. Como se avaliasse o que eu dizia. Seu rosto era uma máscara para mim.


-E seu namorado?


-Você não ouviu o que ele disse ontem?


Mais silêncio. Agora eu podia ver um leve tom de fúria nele, que tentava conter


-Porque quis que eu pensasse que tinha transado com Jacob? - indagou por fim.


Eu dei de ombros.


-Pode pensar o que quiser, não me interessa.


-Eu vi vocês. No seu quarto - sua voz era fria.


-Não te interessa o que eu fazia com o Jake - eu disse no mesmo tom que ele- Pode-se fazer muita coisa sem ter transado! Acho que você não é nenhum ingênuo!


Eu rezava para não estar corando com aquele monte de asneira que estava dizendo.


Mas o que eu podia fazer? Confessar que queria mesmo que ele achasse que eu tinha transado com o Jacob porque estava com ódio por causa da maldita aposta?


Edward soltou um palavrão passando a mão pelos cabelos nervoso. Eu dei meia volta para sair dali. Não tinha mais nada pra falar com ele.


-Onde vai? - indagou.


-Embora.


-Não vai não.


Eu me voltei.


-Olha, Edward, não tenho mais nada para falar com você.


-Você esta grávida, como não temos nada para falar?!


-Está nervoso com isto? Imagina como eu estou! - gritei – Acha que eu queria isto? Acha que estou feliz? Eu queria voltar no tempo e nunca ter feito o que fiz! Isto está acabando com a minha vida! Acabou com o meu namoro e eu não quero nem ver quando meus pais descobrirem. Eu tenho 18 anos Edward, e estou indo para a universidade e agora eu não sei de mais nada! - minha voz se quebrou e eu pisquei várias vezes para afugentar as lágrimas traiçoeiras.


-Isto também é um problema meu! - ele falou.


-E que pena não é? Uma porcaria de aposta e olha só o “problema”! Vai para o inferno, Edward!


E eu sai correndo para minha casa. E pelo menos ele não me seguiu. E graças a Deus Charlie não estava mais por lá.


Ainda demorou vários minutos, até que ouvi os passos de Edward e o carro se afastando. E respirei aliviada.






E não demorou 2 horas para meu mundo cair de vez. Quando a porta se abriu e Charlie gritou meu nome. Eu o encarei, estava na cozinha e ele parecia furioso.


Oh Deus.


-Por que a cidade inteira está comentando que esta grávida?






Eu senti que ia desmaiar.






Continua...

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